As Mãos e Os Frutos
XXIX
Tu és a esperança, a madrugada
nasceste nas tardes de Setembro,
quando a luz é perfeita e mais doirada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
esperança minha, onde meus olhos bebem,
fundo, como quem bebe a madrugada.
Eugénio de Andrade ... O Grande
janeiro 03, 2005
Publicada por Helena à(s) segunda-feira, janeiro 03, 2005
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