CLICK HERE FOR THOUSANDS OF FREE BLOGGER TEMPLATES »

janeiro 24, 2005

razão


O coração tem razões que a própria razão desconhece.
Não sei a quem pertence a máxima, mas muitas pessoas gostam de a apregoar. È como se ao faze-lo estivéssemos a desculpar o facto de muitas vezes não conseguirmos controlar os nossos sentimentos.

Se assim não fosse, quem é que consegue explicar o facto de uma pessoa não conseguir amar alguém que a ama incondicionalmente, ou o facto de uma pessoa não conseguir deixar de amar alguém que não a ama. Se alguém conseguir explicar isto sem utilizar eufemismos ou demagogias... Agradecia!

Lamento sempre quando algo não corre bem nos assuntos do meu coração. Seja porque não é correspondido, seja porque não consegue corresponder. Mas, desta vez, lamento muito mais a tristeza de uma pessoa que merece ser feliz e simplesmente não o consegue. Talvez seja altruísmo - os Aquarianos são exímios nisso - ou talvez, não seja altruísmo coisa nenhuma e se trate apenas de uma escapatória ao meu próprio desencanto.

Hoje ouvi o desabafo de uma pessoa que me é muito querida. Ouvi-a falar de como se quer libertar de uma pessoa com a qual não terá futuro e com a qual o passado foi uma doce mas pura ilusão. Mesmo assim, mesmo sabendo que tudo (ou quase tudo – não acredito que TUDO tenha sido uma mentira), mesmo sabendo que todas as palavras ditas foram destituídas de significado pelos actos, mesmo sabendo que essa pessoa não tem carácter para a merecer, mesmo sabendo... Toda a razão, o coração teima em permanecer naquele lugar que se assemelha a uma praia vazia numa tarde fria de Inverno.

Em toda a nossa conversa o que ainda me custou mais, creio, foi quando ela falou de como sabia que a pessoa em causa não merecia o seu afecto, os seus pensamentos e de como assim até parecia mostrar que gostava de sofrer, de como assim até parecia estar a perder o respeito por si própria. Conheceu uma pessoa especial, mas não conseguiu apaixonar-se por essa pessoa.

Comecei a chorar, comovida por esta minha amiga que merece ser feliz e de momento não acredita e nem consegue conquistar a sua felicidade. Chorei também porque eu sou essa pessoa por quem ela se queria apaixonar.

O que fazer agora?
Bom, que outra coisa poderia eu fazer? Ser a amiga que ela precisa, claro. A minha vida está cheia de histórias assim. A culpa é deste altruísmo que não me larga.
O que eu quero mesmo é ouvi-la falar das suas mágoas e ajudá-la a superá-las. Porque se há seres humanos que merecem ser felizes, ela é uma delas. Trata-se de uma pessoa de bom coração, de bons valores, com muitos outros predicados que fazem dela uma pessoa muito especial e de uma forma ou de outra quero mantê-la na minha vida.
Isso é que é importante.

O coração tem mesmo razões que a própria razão desconhece?
Não concordo, mas isso sou eu... pois metade de mim é emotiva e a outra metade racional.

Como não há duas sem trés... Aqui fica, de novo, o meu poema preferido

Metade - Osvaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervora
penas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é platéia
a outra metade é canção.

Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade... também.

2 comentários:

Anónimo disse...

Porque o coração é mesmo assim…uma bombinha que nos dá força para continuarmos vivas…

Já vim espreitar várias vezes este site e uma das coisas que gosto é que há sempre algo de novo…não se esgota nas palavras de ontem ou de antes…porque vai crescendo aos poucos, vai se preenchendo a cada dia que passa… e nunca está completo
Porque metade dele é de quem escreve e a outra metade… de quem lê!
Beijinho

Aruka

Helena disse...

Tu és linda Aruka!

Beijinhos grandes
Ava