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maio 07, 2006

snap


Snap – Momento em que há uma ruptura de todo o nosso equilíbrio.
E hoje aconteceu-me… Snap. E como é quase tudo na minha vida, foi brutal.

Eu tinha a esperança de que não viesse a acontecer, mas acho que não há nada que o pudesse evitar. Talvez se eu tivesse tomado o Zolof e o Bialzepam quando o médico disse que eu tinha uma depressãozinha, talvez então, não teria chegado ao ponto em que me sinto, de facto com uma depressão.

Não podemos pensar que as coisas que se passam na nossa vida não nos afectem, não nos toquem, não nos ferem, não nos fustiguem e que não deixem mazelas.
Eu sei que sou forte, mas sei que peco por pensar que sou mais forte do que, na realidade, sou. Claro que todas as pessoas fortes têm momentos de fraqueza. O ser-se forte não é nunca ter tido momentos maus. È ter momentos maus e continuar a lutar, é cair e levantar-se.

Vivi 6 anos em Londres. Anos fantásticos com algumas fases complicadas, mas foram tempos extraordinários. Liberdade total!
Faz agora 2 anos que voltei. Voltei porque vi que os meus pais precisavam de ajuda na doença.
O stress de uma mudança internacional. Despachar o conteúdo de uma casa, uma mota, um emprego. Ter que encontrar A casa para alugar em 2 semanas. Reafirmar-me profissionalmente.
Pegar nos assuntos dos meus pais, tratar de encontrar recursos para as suas necessidades, ajudar com certas compras, acompanha-los aos médicos, tratamentos. De repente a que era cuidada, é a que cuida.

Quando as coisas começam a acalmar, 4 meses depois, morreu a minha avó. A senhora da sopa das maçonas, do pão na cloche e que me ajudou a criar. Dois meses depois, morre o meu pai sem que algo o fizesse prever. Foi aqui que segundo a minha mãe me caiu o raio e a trindade em cima. Literalmente a minha mãe e os seus assuntos ficaram à minha guarda, à minha responsabilidade. Bem que gostava de a partilhar com a minha irmã. Mas infelizmente, esta é Bipolar.

Estas e outras coisas fazem parte constante da minha vida. Porque certas situações, há que aceita-las pura e simplesmente. O sacrifício não está no acto mas sim no coração.

E é certo que a vida emocional tem sido uma autêntica montanha russa. Mas isso também acontecia em Londres e antes de ir para Londres e antes e sempre…
E é certo que conquistei outras coisas, a carta de condução de ligeiros, o carro, a casa …
Mas as coisas que começam a fazer moça, penso que sempre me iludi que não.

Por isso os nervos fazem Snap. Porque estão em ebulição lenta, à espera da gota final.
E hoje foi um dia de trovoada:

Acordei sobressaltada com uma ressaca monumental –e só agora me lembrei que tenho Gurosan cá em casa – não fosse a ajuda de uma amiga, eu teria perdido o almoço com a minha mãe. Sendo o dia da mãe, não queria faltar.
Vou levar a amiga a casa depois vou ter com a minha mãe…
Vou bem disposta – a tarde e a noite de ontem foram muito divertidas –, Goldfrapp a bombar no iPod, que grande dia este vai ser … cheiro a coco de cão, olho para trás o Morgan tinha tido problemas. Primeira gota.
Paro o carro, entro em histerismo com o Morgan, limpo o melhor que posso a shit que ele fez mesmo em cima do estofo. A esta altura penso: a minha mãe vai-se passar.
Chego atrasada. A minha mãe entra no carro e no caminho para o Porto Alto vamos a discutir o problema do cão… Os pelos que ela não pode ter por perto por causa do problema dela.

Mesmo a chegar ao Porto Alto, bato com o carro no jipe que estava parado à boca da rotunda. Segunda gota – O jipe não sofre um arranhão e o meu carro tem um farolim partido, o capot danificado e a grelha da frente para trás. A minha mãe ficou nervosa, eu passei-me. Desatei a chorar e aos berros sobre a minha vida. Decido que vamos voltar para casa, não há almoço, não há mais nada. Mas lá fomos almoçar.

O almoço foi péssimo. A minha mãe e eu ainda fomos lentamente recuperando dos eventos da manhã. Tínhamos programado ir ao Freeport e lá nos forçamos a ir.
No caminho decido colocar os Goldfrapp para animar a coisa, coloco a mão na gaveta onde o escondo – Não está lá. Tenho um flash de não ter guardado o iPod antes de ir para o restaurante. Outro flash, as janelas abertas por causa do Morgan.
Paro o carro, vasculho o carro todo … assaltaram o carro.
Para grande desgosto meu roubaram-me o iPod. O objecto ao qual eu dou o maior valor na minha vida. Essencial. Vital no meu dia a dia. Aqui não sei quantas gotas foram, mas acho que o crédito esgotou-se aqui.
Novamente voltei a chorar desalmadamente e a questionar-me sobre as pessoas e o mundo em que vivemos e quão saturada estou das pessoas e farta da mediocridade e o que afinal de contas se espera de mim nesta vida?
Que estou farta de ser a menina boazinha e certinha, que diz bom dia e boa tarde a toda a gente – até mesmo aos vizinhos homofóbicos – que se dane. Farta de ser simpática, de perguntar às velhotas se precisam de ajuda com os carregos.
Eu se for uma besta por completo, assaltam-me à mesma o carro.

Chegamos ao freeport.
A minha mãe decide oferecer-me os ténis, que vão compor o fato que vou levar para o casamento, para o qual fomos convidadas. Damos uma voltinha curta e as coisas melhoram
Quando chego ao carro e abro a porta de trás para o Morgan esticar as pernas, vejo pedaços de cabedal creme roído. Automaticamente pensei “Ok Morgan, tu roeste algo que não devias, mas o quê” A reposta apareceu quando olhei para a porta e ele tinha ruído até à madeira parte da porta. Descalabro total. Como eu achava que a minha mãe já tinha tido muito num só dia, fiz para com que ela não se apercebesse.
Já perdi conta às gotas.

Chego finalmente a casa. O Morgan vai para o castigo sem que eu o tivesse mandado. Deixei-o lá ficar algum tempo. Quando vou para ir ter com ele, para me sentar ao pé dele a dar-lhe festas e tentar explicar-lhe as coisas, vejo-o na sala a roer a carpete grande da sala.

Desatei num choro convulsivo que não sei como é que consegui parar.
Depois de 3 telefonemas, de literalmente ter ido para o monte gritar, aqui estou eu a purgar da única forma que sei o que sinto.
E Sinto-me cansada. Sinto-me descompassada. Há mais de 2 meses que ando com Vertigo. Estou saturada de não me sentir bem.
A minha vontade primária é “Eu quero parar” Parar de ser precisa, parar de ter que estar atenta, parar de dar, parar de … precisar. Sinto-me exausta, presa, carenciada e isso entristece-me.

Ao longo da noite de hoje, tenho estado a tentar lidar com tudo isto. As conversas ajudam … Vou passar a tratar o Zolof e o amigo Bialzepam por tu. Vou considerar retornar o Morgan à sua primeira casa. Vou voltar a dar um intervalo grande à canabis. Não me vou meter em projectos durante um tempo.
E o mais importante, vou cortar com o que sinto pela Dabria – nome que dei à minha paixão secreta. Ou fantasia, ou ilusão, ou brincadeira como já lhe chamaram. – Vou negar o que sinto, não reagir, não tentar saber o que quero saber, não imaginar o que não devo.

Existe uma fase nova que se desenrola à minha frente. Não sei se depois do dia de hoje eu voltarei a ser como era. Em principio, não. Porque crescemos e mudamos. Mas não quero mudar e ser uma pessoa dark, introvertida, desconfiada, distante … que é como me sinto agora.

É interessante, como às vezes é bem claro que vai haver mudanças na nossa vida.
Este é um desses momentos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não te conheço bem... mas confesso que não gostei de te saber assim tão em baixo...
Se tudo isso não for fruto apenas de um dia de facto muito mau... e a sensação de limite persistir... apenas quero deixar aqui expresso que se precisares de alguma coisa que esteja ao nosso alcance... conta connosco... comigo e com a seaside (que não está aqui... mas concorda certamente)...

um beijo grande
Graça Ribeiro (sete_sonos)

scarface disse...

....
Um beijo
(estou ali ao lado-msn- p qq coisa,okay?:) )

m( A R T ) a

Anónimo disse...

todas nós já tivemos um ou dois (ou mais vezes) "dias de cão", dias em ke td nos desaba em xima, dias em k n nos apetexe, definitivamente, viver. Há dias axim...Xão um teste à noxa capaxidade de resistir, insistir, de lutar! Mas toda a mulher guarda uma guerreira dentro de xi, por ixo coragem e forxa! N te eskexas ke dps da chuva vem xempre o arco-íris, encontrarnos-emos lá over the rainbow :) kisses for you girl

Anónimo disse...

para alguém como eu que ja passou pelo mesmo não deixo de achar cómicas as situações que descreveste,pq como é óbvio passei a encarar a vida tal qual como ela é mas com a grande diferença de que só temos esta e por nos devemos e temos de fazer tudo.respira fundo,pq não são os medicamentos que nos dão força mas é em nós que está a vontade.não te vou encher com receitas que resultam com os outros mas olha para ti, entra dentro de ti e tenta te encontrar pq se não o fizeres ninguém o vai fazer por ti e olha que não é egoísmo é apenas o valor que por vezes outros, a vida, e nós próprios nos faz esquecer.faz um favor a ti própria SURPREENDE TE e ama te pq o amor, o respeito, o sentido das coisas tem que começar sempre por nós.ajuda os que te pressionam a perceber que tb tu existes sem que isso te possa prejudicar.
olha e agora queres te rir? por incrível que pareça é 1ª vez que entro num blog p falar algo e engraçado encontro alguém que posso fazer com que volte a sorrir, eu nem e-mail tenho m posso te dizer q sou educadora de infância fui colocada em Pombal(por sinal onde nada acontece ou seja se não fossem as festas da mulher aranha em lisboa não sei o que fazia)e este ano estou a trabalhar em educação especial com crianças deficientes o tem sido uma grnde lição de vida.um dia que te queiras divertir vai até ao purex pode ser que um dia possamos perceber quem somos .um abraço .ARF