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julho 30, 2006

no more miss nice girl - The End -




Mais um ciclo neste blog. Mais um spin around, um twist, um kick on the wild side ou então, simplesmente apagaram-se as luzes. E as coisas ficam mais causticas, acutilantes, mais intensas e sombrias. É o fim.

Este será o último post como Avalone.
Por agora que tal pensaram numa Avalone mais sombria, darker. Para a despedida deste blog, num último post.

Mas é-me impossível continuar a ser a mesma. Estou farta de ser a miúda, a mulher - o que quiserem – que tenta sempre encorajar os outros, e outras coisas mais que não me apetece enumerar. Sinto um humor negro voraz, que me preenche e que me faz rir do disparate, do ridículo, do engano que é a vida. E que no fundo, não adianta mesmo tentarmos ser felizes porque de um momento para o outro, num tempo de um sopro… Fffsssssss Crash and Burn.

Eu não sei o que é pior, ou melhor, o que custa mais ou menos, se ver os problemas a chegar, sentir que o barco está a abanar ou se é ver o foguetão explodir assim que atinge a órbita e sem oportunidade para gritar: Vénus We´ve a problem!

A vida é de facto um engano. Quem me o disse foi uma velhota de 87 anos, costumava cruzar-me com ela quando passeava o Morgan na rua. No final de uma conversa sem pressa, disse-me “A Vida é um engano”… é sim senhora.
Não abdico da minha responsabilidade nesse engano, no engano que é a minha vida. Mas na volta é isso mesmo, nós só cá andamos para nos enganar… Enganar de que podemos ser felizes, acima de tudo começa pelo engano de que merecemos ser felizes.

A felicidade é uma secreção no nosso cérebro. Estimulem-na com um comprimido qualquer e estarem estáticos a olhar para uma árvore poderá ser o momento mais feliz da vossa vida. Reprimam-no com um outro comprimido qualquer e o vosso momento mais feliz não teria existido.

Que tal então deixar-nos destas tretas de amor?
Ou porque só isso me faz feliz, ou porque só assim consigo viver, ou porque preciso de algo para viver… Balelas. Eu vivo quer eu queira quer não. Eu vivo sozinha ou acompanhada. Já vimos que a felicidade é um engano. Não há felicidade. È uma utopia, uma cenoura à frente do nariz de um burro.

Recuso-me, desisto.
Acima de tudo perdi.

Eu tinha um livro que adorei durante muito tempo. Um livro que me acompanhou desde de muito cedo e até muito tarde. Os mais belos contos de fadas. Era um livro de capa vermelha, dura, um livro de contos de fadas dos mais diversos autores. O conto das 12 princesinhas, Rapuzel, Rumplesilstik… tantos e tão deliciosos.

A verdade é de que sinto-me como uma personagem desse livro. Seria muito romântico e holístico dizer que me vejo como uma princesa que foi colocada num pedestal de gelo, por sua livre vontade, fruto de um desgosto de amor. Ainda com uma réstia de esperança, um pedacinho brilhante do seu coração despedaçado. BANG BANG
Não!

Não. Simplesmente fiquei gelada. Não há coração despedaçado, a sangrar, sofrido, blá, blá blá e a treta do costume. Há gelo. Gelo gelado, daquele azul pálido, cor intensa, gelo profundo pois não há mais vermelho, mais nada. Nem memórias, nem esperanças, nem dor, nem choque, sonhos caídos por enregelamento. Não há nada. Nada.

Dark and Frozen … é como me sinto.
E é Dark e Frozen que me vão ter.

A dada altura da vida deste blog, alguém me disse que a razão pela qual as pessoas me julgavam ou me mandavam bocas, era por causa deste blog. Porque eu me expunha em demasia. Eu acredito que sim, aliás eu sei que sim. Embora pense que isso é completamente estúpido, porque seria o mesmo que uma mulher foi violada porque andava de mini-saia.

Este blog foi criando com um propósito, fazer a minha transição de Londres para Portugal. È a escrever que eu melhor faço as minhas catarses e por ter a mania de que escrevo alguma coisa, decidi criar o blog. Eu sempre pertenci a maillings lists, ainda não havia blogs e forúms e era por email mesmo que o pessoal discutia assuntos e estados de espírito. Como nunca quis me impor às pessoas, criei o blog para dar a opção às pessoas.
Mas sempre foi um espaço pessoal, por isso nunca pensei que todos o fossem perceber, entender…

Poucas pessoas perceberam o drama que foi para mim passar de uma sociedade organizada, participativa e mesmo assim individualista, de uma sociedade aberta e balançada, para uma sociedade como a portuguesa. Não renego o meu país ou a minha nacionalidade, mas tenho todo o direito de criticar o meu país e a mentalidade do português. Do que poderiam ser feito, do que não fizemos e do que ainda não começamos a fazer.
Custa transferir de pais, uma vida que estava a começar a dar frutos de um esforço gradual. Amizades sólidas, um emprego bom, independência, liberdade de ser e estar…

Quando faço uma sinopse aos primeiros 12 meses pós Londres – Maio de 2004 –, franzo o sobrolho a certas situações. O meu primeiro pensamento é Ouch, mas depois vejo que fiz o melhor que sabia na altura.
Às vezes a ideia que tenho de mim própria nessa altura é a de um touro e entrar desvairado dentro da arena. Há procura de um sítio onde se sinta confortável, de uma forma desesperada!

A vida, claro, é assim mesmo.
Existem momentos mais exigentes do que outros. Na certeza porem, assim que virmos as coisas a estabilizarem, temos que nos preparar para o remoinho que se lhe segue. Porque a vida, não só é um engano como é uma brincadeira de muito mau gosto.
Parece um jogo de dá e tira.

E tiram porquê?
Acaso sou assim tão não merecedora de ser feliz, de ser, de viver, de ter?
É por ser boa menina? Demasiadamente boa menina?

E as dúvidas apoderam-se, as inseguranças agudizam-se e os filtros … desta vez nem tiveram tempo de se activarem … tudo ficou coberto por uma escuridão gelada, um vazio negro numa lenta sucção.

Não há nada que possa ouvir, que possa saber ou que possa sentir para deixar de me sentir, como me sinto. Eu conheço muitas máximas de como ser feliz, o bla bla do costume sobre como ultrapassar momentos difíceis, a lenga lenga da auto estima, o rebéu béu do poder da mente e os pardais ao ninho da esperança.
Eu sei tudo isso de cor, graduei-me em cada uma delas, tenho pilhas de livros e t-shirts para o provar.

Hoje conduzi o carro até St.André. Fui depois de almoço e voltei ao final da tarde.
Conduzir longas distâncias tem para mim um efeito terapêutico. È nestas alturas que escolho as estradas secundárias e utilizo a auto estrada só no regresso, quando a cabeça está mais organizada.
Há uma estrada que eu simplesmente adoro de fazer. O caminho de Tróia a St. André. A estrada vazia, pinheiros de ambos os lados, um céu azul forte, casas antigas … Adoro. E hoje, mais uma vez, esta estrada teve o seu impacto. Perdi-me algures por lá, porque quando cheguei a St.André eu estava dark and frozen.

Tudo acontece por alguma razão. Costumava acreditar de que as pessoas encontravam-se por alguma razão. De que aprendíamos sempre algo nas relações com os outros. SLAP SLAP isso é tudo um grande disparate.
Que aprendi eu agora?
Eu já sabia que não era perfeita!
Que quando se fala de um dia para o outro, pode ser mesmo de um dia para o outro?
Ahhhhh ... Apreendi... Que um dia nós somos felizes e no dia a seguir... o mais triste…
Um dia temos os braços cheios de amor, no dia a seguir nós estamos nos braços do vazio.
Aprendi.

Com este post, termina este blog.
Não sei o que vai acontecer em termos bloguisticos. Não me apetece mais tentar explicar-me, expor o que sinto ou se quer tentar fazer sentido daquilo que sinto.
Não sei o que vou fazer com o meu tempo, se vou querer fazer alguma coisa, ou quando o vou querer. Não interessa.

Fim

julho 02, 2006

Colete Encarnado 2006