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julho 27, 2005

morte e vida



A minha vida não é perfeita.
Se bem que, primeiro, o que é uma vida perfeita? E, segundo, não existem vidas perfeitas. Mesmo assim, mesmo dentro da imperfeição não me posso queixar. Até pelo contrário, tenho razões e motivos, vivências e sobrevivências de sobra para me congratular pela vida que tenho.

Não é uma má vida.
Tenho desfrutado de pequenos e grandes prazeres, já estive em situações que algumas pessoas nem imaginam, já tive a honra de fazer coisas nobres, já fiz muita porcaria também e neste momento estou numa fase de estabilização. Nos últimos 7 anos mudei de casa, nem mais nem menos do que onze vezes: de Vila Franca de Xira para Lisboa depois para Londres Clapham, Streatham, Peckam, Streatham, Croydon Wilcox place, Croydon Studio, Croydon Mansions, Croydon Fairholme, Greenwhich e por fim St. Iria. Onde assentei, pelo menos para os próximos anos, finalmente comprei casa.
Em Londres andava de metro ou de bicicleta depois era de mota, agora continuo com a mota e tive a sorte de herdar o carro do meu pai. A vida corre-me bem … estabilidade financeira e profissional, disponibilidade para seguir os meus interesses e hobbies, tenho amigos verdadeiros e a oportunidade de poder retribuir à minha mãe tudo aquilo que ela me deu e fez por mim.

No fundo a minha vida é igual à de muita gente. Porém, ele há coisas que só a mim parece acontecerem, provavelmente vicissitudes da forma como eu vivo a minha vida e sem dúvida, a forma como eu a exprimo.
Em Londres, quando eu estava na Agencia de Publicidade, a Sharon e a Trish riam de forma hilariante sobre as coisas que me aconteciam, algumas delas testemunhadas por elas próprias. Todas as semanas, havia uma ou mais vivências que mereciam ser contadas e recontadas… Quando voltei para Portugal e me despedi delas, Trish estava em lágrimas e disse que iria sentir saudades da minha alegria e da forma como eu vivo intensamente.

Viver intensamente.
Nunca pensei que isso fosse algo de … digamos … de reconhecimento. Viver a vida em pleno, isso não deveria de ser a nossa missão primária? Creio bem que para a maior parte das pessoas, não.
Recentemente três pessoas muito chegadas a mim, disseram que a imagem que tem de mim é de que eu aproveito a vida ao máximo, em pleno, to the full. Confesso que fiquei orgulhosa de mim. Não só eu estou a viver a minha vida ao máximo, como inspiro outros a fazer o mesmo. Não porque isso me gratifique de alguma forma, mas porque isso significa que também estas pessoas estão a desfrutar da sua vida, seja lá ela o que for.

Eu sei que muitas pessoas gostariam de me perguntar: Qual é a pressa em viver?
A verdade é de que não tenho pressa alguma, mas detesto perder tempo, ou melhor, detesto a ideia de não aproveitar o tempo que me é dado.


Há relativamente pouco tempo, numa situação de meia algazarra, tive que ouvir a “boca”: “… Até parece que o mundo acaba amanhã!”
Eu sei e toda a gente sabe que o Mundo não vai acabar amanhã. Pelo menos, não amanhã, amanhã, sexta ou sábado. No entanto, quem me garante que não acabo eu amanhã ou até mesmo hoje?
Todos nós temos um prazo de validade, uma expiry date … e apesar de não sabermos qual é esse momento, a maior parte de nós vive as suas vidas como se fossemos todos morrer com muita saúde aos 87 anos. Yeah, right, sure, why not!

Não tenho nem nunca tive medo da morte.
Vai se lá saber porquê, mas lembro que era ainda muito criança quando percebi que um dia haveria de morrer. Não sei se foi influência do James Dean, mas desde cedo eu fazia questão de viver a minha vida sem arrependimentos e ao máximo, para que quando a morte me leve eu sinta que vivi tudo aquilo que eu queria viver.
Até hoje tem sido assim. Se eu morrer amanhã, terei vivido a minha vida sem arrependimentos e aproveitei ao máximo todas as situações da minha vida. As boas e as más.
É claro que não vou morrer amanhã. Pelo menos não é isso que me quero!!

“For you a day its not one more day, its The Day” disse-me a Nagwa quando cá esteve de visita. Tem razão, ela quando diz que para mim um dia não é mais um dia, é O Dia.
E com razão, não? Que tenho eu mais do que isto, mais do que O dia de hoje?
Que garantias tenho eu de que se eu não começar a fazer Surf este verão vou poder faze-lo no próximo? Que garantias tenho eu de que se eu não mostrar os meus sentimentos hoje o vou poder fazer amanhã?

Quando foi o 11 de Setembro em NY - entre outras coisas –uma das coisas que mais impacto me causou foram os relatos de familiares, namorados, namoradas, amigos … de como naquela manhã não tinham dito Amo-te, como na noite anterior se tinham zangado ou como no meio do desespero outras pessoas encontraram conforto numa última conversa ao telefone onde foi dito amo-te, numa última mensagem deixada no voicemail de um pai para os filhos…

Com efeito, eu não preciso de passar por uma situação de vida ou de morte para dar valor à minha vida e ao tempo que me está destinado. A forma como eu vivo a minha vida, é para mim um motivo de satisfação e – esconder porquê – de orgulho.
Através da minha mãe, todos os dias sou confrontada com a morte certa num tempo incerto. De repente, a morte e o sofrimento, tornam-se tão presentes como o lavar os dentes todas as manhãs.

Sou feliz comigo própria, com a minha vida e o futuro, tenha ele o tempo que tiver.
È como naquela canção … it´s one life and there is no return and no deposit.

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