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janeiro 15, 2005

sex, drugs and rock n roll


Pensei várias vezes antes de colocar este post.
Ando a escreve-lo desde Domingo... e agora que acabo, pergunto-me se é algo que eu queira aqui colocar. Estou em dúvida desde hoje de manhã, mas como eu disse que em 2005 Avalonia seria The real thing about me, este post impõem-se.

Drogas...nunca foram a minha coisa.
Sobretudo as chamadas drogas duras. Sempre tive muito medo de experimentar algo que não pudesse controlar. Sempre disse não aos ácidos e às pastilhas por puro medo de perder a lucidez. O mais duro que eu experimentei foram umas linhas de Coca em Janeiro passado e fiquei feliz por saber que a Cocaína não tem qualquer efeito. Ou seja, eu fico normal, quanto normal eu sou!
Haxixe, xamon, erva, cannabis... isso sim, mas agora não.

Acho que tinha os meus 13 anos quando fumei o meu primeiro charro.
Nessa altura (e durante todo o secundário) todo o final do período escolar havia as festas de adolescentes e era norma no último dia de aulas, do Natal, do Carnaval, da Páscoa, de verão... uma tarde de arromba. Normalmente envolvia uma garrafa de sagres de litro por cada pessoa e uma gansa num círculo de 5. O pessoal acabava sempre numa risada e em euforia.

Na escola e até aos dias de hoje, eu nunca pertenci exclusivamente a um grupo. Nunca me senti completa num grupo só e assim andava umas tardes com os janados, outras com os betinhos, outras com os surfistas, outras com os Acidhouse, outras com os intelectuais. A verdade é de que eu era popular e conhecia toda a gente, por isso não foi uma grande surpresa quando me vieram perguntar se eu queria ganhar dinheiro a passar hax na escola: "Eu ser responsável por aquilo que eu fumo é uma coisa, ser responsável pelo que os outros fumam é completamente diferente, não obrigada"

Eu sabia que era algo prejudicial e por isso não queria andar nessas andanças. Um dos tais 5 livros que eu li, foi Os filhos da Droga de Christiane F, impressionou-me de tal forma a cena da casa de banho no concerto do David Bowie que ali mesmo eu disse um não redondo a drogas duras. Sim, porque o Hax era uma coisa esporádica e que era tão aditivo como uma cerveja.

Os anos foram passando e as gansas e os charros sempre andaram ali mano a mano comigo. Tinha amigos que fumavam gansas de manhã à noite e eu pensava "vais longe, vais." Depois conheci outras pessoas que também fumavam de manhã à noite e estas até já tinham ido longe: tinham empregos, casa, eram responsáveis, tinham e têm boas vidas e continuam a fumar de manhã à noite.

Dos 22 aos 27, as gansas eram coisas esporádicas, muito esporádicas. Comprava meio conto, um pintor, uma língua uma vez por ano e o resto eram umas passas festa aqui e ali. Aos 29, comecei a comprar mais regularmente, umas pausas, mas a verdade é que tornei-me uma fumadora habitual de hax. Até hoje acho que nunca estive mais de 2 meses sem fumar assiduamente.

De Setembro até Dezembro de 2004, fumei constantemente. Na realidade eu só não fumava quando saia. Eu começava a fumar de manhã e durava até à noite. Num só dia, eu poderia fumar entre 10 a 15 charros e a verdade é que eu continuava a fazer a minha vida normalmente, trabalho... tudo.
Mas a verdade é que algo cá dentro começou a revoltar-se.
Eu detesto ser uma agarrada e agarrada seja lá ao que for. Detesto sentir-me dependente de qualquer coisa ou de qualquer pessoa. E por muito que eu pensasse que eu controlava o hax, se bem que o hax nunca me controlou, a verdade é que eu não tinha o controle na situação. O alerta eu percebi-o em meados de Dezembro último, quando ainda tinha uma pedra do tamanho de uma nêspera e pensei: tenho que passar pelo dealer, isto está quase a acabar.

O pensamento continuou... está quase acabar, nem por isso, isto ainda te dá para uns dias e a verdade seja dita, Helena Margarida, se não podes viver um dia sem teres hax cá em casa, é melhor começares a pensar em cortar de vez.
Assim, a pedra acabou e eu fiquei a ver quanto tempo é que eu iria levar até ir buscar mais um quarto de hax. Um dia foi quanto durou.

A primeira semana do Ano chegou e com ela agudizou-se o meu enjoo pelo hax. Não pelo hax em si, mas pelo facto de eu aparentemente não querer parar de fumar.
Olhei para a pedra que tinha e pensei: isto está aqui um més de gansas, quando eu acabar isto, não compro mais.
Mas aquilo roeu-me - Não. Helena, se estás mesmo a falar sério desfaz-te da pedra (pedregulho) agora, não esperes que acabe.

Na segunda-feira ligo para uma amiga e digo-lhe que quero deixar de fumar. Ela diz que passa cá por casa e que leva a caixinha da erva, uma caixa de metal com filtros, mortalhas e uma pedra enorme. Comecei a cortar nos fumos, mas era tantalisador saber que tinha hax em casa. A minha amiga, não conseguiu passar cá por casa e ainda bem. Em vez de esperar decidi que tinha que ser eu a desfazer-me do hax. Se eu queria mesmo deixar de fumar, teria que ser eu a deitar a pedra fora. Só assim é que eu me libertaria. Se a Pini viesse cá a casa... parecia mais uma coisa de crianças do que algo em que eu tivesse colocado de facto o ponto final.

Assim, hoje, Quinta Feira, fui para Lisboa tratar de assuntos da minha mãe e antes de vir para casa passo pela expo. Faço uma gansa e outra e fumo as duas num intervalo de 10 minutos … faço o meu caminho preferido junto ao rio .. abro a caixa e tiro a pedra. A caixa com as mortalhas deito-a no lixo. A pedra de hax agarro-a na mão e sigo o meu caminho. Penso nas razões pelas quais não quero fumar mais... e atiro a pedra de hax ao rio, enquanto a lanço penso: Obrigada pelos tempos curtidos mas não quero mais...
Splash... a pedra caiu no rio e eu senti-me muito livre e leve.

Este post não está aqui para mostrar ou tentar mostrar que eu sou uma granda "mena", uau tão boa que eu sou que larguei o hax e coisas assim. Nada disso, repito, Nada disso.
Se bem que haja muita gente que comece a fumar Hax e depois passa para outras drogas mais duras, não é o hax que incentiva a isso. É a necessidade da pessoa por algo mais forte, porque aquilo que o hax bate, não lhe chega.

Haxixe não causa dependência física.
Digo-vos eu e digo-vos qualquer pessoa que perceba do assunto.
Para mim, o hax nunca foi para fugir a problemas - gosto de os enfrentar -, o hax nunca foi para me levar a outro mundo, nunca foi para me dar inspiração, nunca foi para me anestesiar, nunca foi para me colocar bem disposta, nada disso.

A Edi, a Nagwa, a Isabel e muitas mais pessoas sabiam que eu fumava assiduamente. Nenhuma delas nem ninguém me disse alguma vez para deixar de fumar, elas viam que eu continuava a mesma pessoa de sempre, funcionava do mesmo jeito, continuava responsável e a ideia que elas tinham de uma drogadita agarrada... não era aquilo que eu era. Até pelo contrário. As namoradas, essas sim, faziam mil e dois ultimatos e eu acabava por não fumar... mas a relação acabava e as gansas voltavam a correr.

Por agora, confesso que o sindroma da privação está a correr muito bem.

Hoje

9 comentários:

Anónimo disse...

Helena,
Acho bem que tenhas decidido publicar este post, é um bom exemplo de força e coragem. Tu és uma grande mulher.
As maiores felicidades
Silvia

antidote disse...

Droga é tudo aquilo que á luz da nossa (reencontrada) lucidez se vê que nos fez mal ou nos fez tomar decisoes erradas.

Se sentes que te faz mal, deves parar. Tao coerente e simples como isso.

uma personagem dum grande livro (A Condicao Humana, do Malraux) diz que cada pessoa tem a sua droga. Num sentido isto quer dizer que o que é bom para mim nao é necessariamente para ti. Quer para o bem quer para o mal. Aquilo que a uns corroi, pode ser matéria de revelacao para outros.

Eu continuarei alegremente a fumar charros. Fumo os tambem desde os 15. Mas nunca senti necessidade de aumentar as quantidades nem senti dependencia ou que andava a controlar me a vida ou a influenciar decisoes ou actos.

Pelo contrario, os grandes detractores da minha vida foraam alcool e a televisao. Puseram me em situacoes macacas ou privaram me de outras alegrias. Cortei com a televisao e o medo de andar na rua que ela me provocava sem grandes dramas, e com o alcool, que me pos a vida e a dignidade em perigo estou a caminho.. nao vou cortar completamente, mas simplesmente disciplinar me. Tem sido lixado e dificil, até por que a pressao social para beber é enorme. Esta foi a minha guerra.

O charro vai continuar a ser um momento de meditacao e continuarei a ve lo como um instrumento de revelacao. Um auxiliar da imaginacao e de certos processos mentais que nao ocorrem no cerebro de todos os dias. Mas quando a pedra acabar acabou. Sem dramas.

Anónimo disse...

Simplesmente esboçou-se-me um sorriso de vitória! Há algum tempo falámos sobre este assunto, e eu, como ignorante que soi do assunto, fiz algumas perguntas (básicas!!!), pois sempre me intrigou o facto de as pessoas em geral tomarem ou fumarem drogas (e até tabaco "normal"!).
Tu deste as tuas respostas, mas ainda assim interroguei-me: "porque é que esta mulher, sendo tão inteligente e sabendo o que sabe a nivel espiritual e energético, se mantém nesta situação? ... será pelo prazer que isso lhe dá?? mas se diz que também não lhe "bate nada", porque continua?"
Para mim era estranho, mas sempre respeitei o facto de fumares por puro prazer...
Agora fiquei feliz, sorri quando li o post, não pelo facto de teres deixado (ou pelo menos tentado!), mas porque estás no fulcro da questão!
Acho que compreendeste que está nas tuas mãos...
Coragem, mulher, que isto não é fácil!
* um beijo*

Helena disse...

Oies,

Silvia DJ, is that you? :d

Antidote ... sim conheço o livro e essa afirmação já me deu noites e noites de filosofias! Sim, cada pessoa tem a sua droga. Algumas legais outra ilegais!
Há pessoas viciadas em Adrenalina e outras em Heroina, e quando se fala em droga, nem sempre se fala em algo perjurativo.
Há também pessoas viciadas nas substâncias quimicas que desencadeiam o processo químico da paixão: epinefrina, endorfina, serotonina...

9Luas,
Saudades vossas menina!
Obrigada pela força, pelo beijinho ...
Tudo está a correr bem, não há sindroma algum de privação. :d

Obrigada a todas pelos vossos comentários, que são sempre bem vindos!

Jinhos
Helena

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Helena disse...
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Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Oi Helena,

Nós teclámos a semana passada por causa de uma amiga. Não conhecia o teu blog ... tenho 42 anos e nunca lí um blog assim.
Está muito bom, acho que escreves muito bem e é um prazer voltar aqui, por ti, pela Antidote e acima de tudo por ti. Não creio que tenhas a ideia do bem que me fazes, do bem que fazes aos outros.

Por tudo isto, por tudo o mais, como tu dizes
Bem Haja Helena.

Um abraço de alegria e contentamento,
Vivianne

Helena disse...

Viv ....
ès uma exagerada mulher!!!
Beijinhos grandes para ti e para a tua senhora! :d