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dezembro 06, 2004

Da minha amiga Antidote

Resposta ao meu amigo M., que me deu como mote "we re just two souls swiming in a fishbowl year after year"

Começa por ser embaraçosa, a evocação dos PinkFloyd, que eu ouvi até á exaustão no tempo em que não tinha coragem de procurar musica nas lojas e por esse mundo fora. Um aparte. É também embaraçosa a repetição ad infinito da mesma queixa vinda de varias pessoas que me dão a honra das suas confidencias.

Como em tudo, nunca ninguém é ouvinte para nada a não ser para dizer "é com'a mim" algures "lá para o meo" e começar a desfiar o seu rosário. no meu caso não me apetece nada falar dessa maneira oportunista de mim a não ser para me aproximar de ti, para perceberes que não estou a falar do alto duma cagança, e que, bem, tenho algum prego para meter em estopa.

Pois bem, já perdi ou já me vi á beira de perder uma ou duas relações. Já me vi pelo menos na loucura de as ter perdido pelo menos na minha imaginação, que não é pouco. E sou do tipo relação longa... daquelas que passa o grande fogo inicial muito depressa e se passa á fase de braseiro em volta do qual as pessoas se sentam para se retemperarem e não para se incendiarem. Não espero nunca grandes incêndios de virtuosismo pirotécnico como vêem descritos nos livros que os poetas escrevem, nem me sinto infeliz por não o ter. Nem sequer o procuro. Porque esse incêndio muitas vezes destroi o futuro de qualquer relação. Não sinto que as minhas relações sejam piores ou melhores ou chatas ou cínicas. Muito pelo contrario. Mas deixem me a paixão juntamente com os sapatos á entrada de casa, por favor, ou pelo menos o mais depressa possível. Estou a explicar isto não por necessidade de te impingir o meu sistema, porque o que é bom para mim não é bom para todos, mas apenas para que percebas melhor donde vem isto tudo.

O ponto que eu procuro alcançar é que relação e paixão não tem necessariamente uma coisa a ver com outra. A relação tem a ver com o amor e a necessidade de construir pontes com outra pessoa e um futuro comum feito de compromissos, projectos comuns e claro, algumas cedências, enquanto a paixão procura a consumição da individualidade da presença do ente amado. Dito de outra maneira, enquanto apaixonado a outra pessoa torna se primeiro o teu espelho e depois o teu retrato vivo. Dito de outra maneira, na relação tens espaço para amor e para construir como indivíduo e como parte de algo incompreensível e maior (amares e seres amado), enquanto na paixão ardes tu, arde ela, arde tudo, e depois não fica nada a não ser um grande desapontamento quando vem o dia a dia com a sua rotina asfixiante e aconchegante.

Todas as relações que eu tenho visto, digo eu da minha ignorância e inocência, situam-se em pontos intermédios entre os dois extremos que descrevi, sempre com tendência para puxar ao lado da paixão romântica.

Como quase todos nós vens dum amor de adolescência ou fim de adolescência. As vossas crises confundem se com as crises de retoma da individualidade que todos nós sentimos no principio da vida adulta. "é só isto?" perguntamo-nos, "foi para isto que crescemos tão depressa?"... todos os sacrifícios que se fez para se crescer depressa fizeram nos esquecer a procura do nosso individualismo. Ancoramo nos no amor romântico e erótico confundindo retrato com espelho, desistimos prontamente de sonhos antigos em função de uma felicidade presente, e só quando a adrenalina da peimeira paixão começa a esmorecer, aparece o grande vazio e o pânico.

Já me mandaste calar quantas vezes desde que começaste a ler isto? Se calhar estou errada, não sei.

Só te diria, acalma te, não entres em pânico, pensa não o que queres da relação ou pior ainda o que queres duma relação (essa é a maneira de por as coisas que é mesmo um poço sem fundo). Pensa o que queres fazer realisticamente da tua vida, reencontra o teu individualismo e os teus sonhos, e porque sem duvida a amas e respeitas, ajuda a procurar o dela. E depois encontrem o vosso espaço juntos.
É mais ou menos automático. Porque a rotina não assusta o amor. Assusta-te a ti de tal maneira que tens medo de olhar o Outro.

Para quem procura a paixão permanente, esse vão sempre culpar no outro não ser assim ou assado e vão passar a vida a sonhar com um ideal que não tem nada a ver com a realidade, mantendo as relações que teem ou não. É fácil ficar aborrecido e saltar para a próxima situação excitante ou simplesmente doce e romântica, sem problemas apenas porque nova e vista com os olhos da tal paixão.

Mas de qualquer maneira continuo a achar que amar e conhecer as pessoas continua a ser uma grande e fascinante aventura.

Um beijo.
Antidote

1 comentários:

Helena disse...

Oies,

Só para não haver confusões, este post foi colocado por uma amiga minha, Kiddo ... Antidote!

Jinhos
Helena