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novembro 14, 2004

Pay it forward




Esta noite conheci o R.
Tinha um café marcado na Brasileira do Chiado e tinha também meia hora de tempo para "matar". Pensei em descer até à livraria e desfolhar uns livros com fotos de motas...

No caminho passo por um tipo a pedir:
- Oh minha senhora, só um bolo. Eu como ao pé de si.
Depois pede-me a mim:
- Uma moedinha, tem?
Ignoro-o
- Irra pah, é só uma moedinha.

Continuo a descer a rua e penso:
Bom Helena Margarida, tens duas hipóteses: Ou vais desfolhar uns livros ou vais oferecer um lanche e um pouco do teu tempo ao rapazinho! É claro que não demorei muito tempo para escolher a segunda hipótese.
Afinal de contas, se eu gastava 5 Euros numa "língua" também poderia muito bem gastar o mesmo a confortar o estômago de alguém. Assim voltei atrás., não apenas para lhe pagar um bolo, mas para lhe dar um pouco da minha atenção, conhecer a pessoa por detrás do mendigo, do sem-abrigo, do toxicodependente... Sei lá o que ele era e não me importava.

O rapaz tinha atitude, era educado, tinha timbre na voz... houve qualquer coisa que me fez engraçar com ele. Não sei se foi pelo facto de ter estado em Londres ou através do meu trabalho lidar muito com instituições não governamentais, the so called Charities, mas tenho hoje uma percepção muito diferente dos flagelos sociais e das suas vítimas. Assim, quando olho para um mendigo, para um sem-abrigo... Pergunto-me sempre: O que foi que aconteceu para esta pessoa estar nesta situação? Tento sempre ver o ser humano, a pessoa que está ali.

Pois bem... Chamei o rapaz.
- Oi, olha, não te dou uma moedinha. Mas se quiseres pago-te um lanche, um galão e uma sandes, ou um bolo. O que quiseres.

E lá fomos à Brasileira.
R. acabou por pedir uma Coca-Cola e uma coxinha de frango. Disse que não queria mais nada, mas perguntei-lhe se não queria levar uma sandes para mais logo. É claro que sim. De queijo, se faz favor!

E falámos. Primeiro sobre coisas banais, depois os pormenores sacanas.
Gostamos um do outro, havia sinceridade. Disse-lhe porque tinha voltado atrás e ele contou-me porque andava a pedir, de como no final do 3º ano da universidade entrou no mundo da droga. Já tentou sair muitas vezes, mas diz que está agarrado demais.
Fiquei de passar por lá mais vezes. Para a próxima é para lhe dar algumas peças de roupa que já não uso. O desespero dele é por umas calças.

Adorei este tempo com ele, R. foi sempre muito educado, um rapaz inteligente... É claro que fiquei contente, feliz por ter dado, feliz por ter proporcionado um momento "normal", feliz por poder ajudar e feliz por ter podido colocar em prática algo que eu defendo e admiro nos outros.
A minha mãe diz que eu não perco a mania de querer endireitar o mundo - mesmo ela só perdeu essa mania à pouco tempo e tem 67 anos -, pode até ser uma mania, mas sei que não é só minha e mesmo que fosse. Acredito de que se todos nós fizéssemos uma, uma única, boa acção por dia o mundo seria bem melhor.

Ingenuidade?
Utopia?
Who cares, let me be!


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